domingo, 22 de março de 2009

Sobre cabeças e ressacas

Hoje acordei de ressaca. "Pois é, a festa ontem foi boa", diriam alguns, sem perceber que, se você está mesmo de ressaca, a festa não foi boa, você não tinha nada mais a fazer senão beber, e ainda por cima a bebida não era grande coisa (leia-se: Sua capacidade embriagante era sua maior qualidade).

Fazer o quê. Mas eu descobri que algo bom saiu dessa dor de cabeça e quase-náusea: Eu comecei a ler um texto da faculdade (por segunda vez, já que a primeira, alguns dias atrás, viu meus olhos percorrerem as linhas enquanto minha mente planejava uma boa campanha publicitária para o meu livro) e percebi que não só estava entendendo tudo com clareza, mas estava gostando do texto. E mais: Eu queria saber como continuava.

Como se explica isto? Será que a vergonha das poucas coisas que lembro da noite anterior e a vontade de não ter dor de cabeça (porque comigo é assim: se eu não quero ficar doente, não fico) forçaram meu cérebro a ligar o modo estúdio e achar o texto interessante?

Lamentávelmente, o efeito passou. Páginas depois, enquanto meus ohos continuavam a percorrer fielmente as linhas, minha cabeça começou a pensar em importações de quadrinhos e conversões de valores em dólares para reais. E aí que me acertou: A ressaca era só uma desculpa. Na verdade, eu tava prestando atenção por que sim, sem razão nenhuma. Mas quando o tempo começa a passar, a cabeça não aguenta e se liberta, voando como um pássaro migrante para os confins mais felizes da Terra. Isso, ou eu tenho que ir na cozinha, beber um copo de vinho e voltar a ler.

A solução que encontrei foi a seguinte: Fiz um pacto com meu cérebro. Eu dividi o texto em partes, e depois de ler uma, leio alguma coisa no computador que eu ache incondicionalmente atraente (e não estou falando disso, seu pervertido, que eu sou um garoto de família). Acho que funciona, pelo menos por agora. Mas cuidado! Essa solução não é universal. Em coisas como vestibular, sermão de missa (sermão de pai também), julgamentos, revisões de matéria minutos antes da prova, negociações de altas sumas de dinheiro e entrevistas de trabalho ela não só é inviável, também pode criar situações embaraçosas ("O senhor se importa de me dizer suas qualificações ao invés de ler minha Marie Claire?").

Claro, o truque só é necessário para mentes dominadoras como a minha, que geralmente possuem uma vontade bastante diferente daquela que os seus donos têm. Olha onde eu tive que chegar: Negociações com meu próprio cérebro. Mas talvez eu mereça; afinal de contas, eu sobrecarreguei o coitado com uma substância bastante prejudicial ontem à noite. A sua rebeldia é, portanto, justificada.

"Que lição posso tirar de tudo isto?", você deve estar se perguntando. Bom, isso depende de você. Você: (a) Faz o que quer? (b) Faz o que os outros querem? ou (c)Não faz nada?. Se você respondeu (a), não há nenhuma lição a ser tirada. Fique bêbado, acorde de ressaca, leia o texto e ponto cabou. Já se você respondeu (b), pode tentar a minha solução: agrade seu cérebro para que ele o obedeça depois. Éé chato, eu sei, mas vocês vão ficar juntos a vida inteira. Já se você disse (c), você nem lendo este texto está, então...

Ah!, e lembrem: Se alguém diz "começa às 22:00" provávelmente comece às 23:00, e se alguém diz "frozen" provávelmente queira dizer "refresco com àlcool etílico que não tivemos tempo de congelar, mas se você é dos que bebem frozen não vai se importar mesmo". Estas e outras lições de vida muito importantes eu aprendi ontem, e usarei sabiamente pelo resto da minha graduação.

3 comentários:

Aline disse...

Sou sortuda como você, tenho um cérebro bem adestrado e um forte poder de concentração. Não há textos que eu não consiga ler! Ha!

Michell Lott disse...

Em primeiro lugar, aposto que o chico quando cansa do texto vai "ler" coisas na internet! háaa safadinho o senhor é!

E esse negócio da cabeça voar pra outros lugares na verdade é o meu forte. Só que eu normalmente cedo à vontade do meu cérebro afinal, ele sabe o que é importante!

e sobre as festas, faça como as estrelas: sempre chegue com pelo menos três horas de atraso! :)

Inté!

Jessica disse...

ahauahauaahaa
e ainda falam que a gente não aprende nada na faculdade, né?
minha cabeça voa pra outros lugares constantemente. e o pior é que as vezes ela nem começou aterrizada. Tipo agora: estou há 4 horas enrolando pra começar o que tenho que fazer. Já postei no blog, já li mil blogs, já comentei em mil posts. Já arrumei unha e cabelo. E agora, José? Agora tv e tchururu =/
hehehee
já te linkei lá no Small World. Me linka tbm! =)

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http://sucha-small-world.blogspot.com/