domingo, 21 de junho de 2009

De dominadores e dominados

Final de semestre. Todos os veículos que sejam escritos por estudantes universitários sem dúvidas se tornarão um lugar de desabafo, ao ponto de fazer os leitores se sentirem mais cansados do que os próprios escritores. Mensagem para vocês: Parem de encher o saco. Não é culpa do leitor se vocês estão cansados/exaustos/ em coma estudantil/mortos de estresse. Dito isto, posso proceder a dar meu desabafo porque, convenhamos, o meu importa mesmo.

Por alguma razão, os professores acham que não tem absolutamente nada de errado em deixar tudo para o final. Sabe, distribuir três décimos aqui e acolá durante quatro meses e fazer uma prova final na qual uma questão vale 95 pontos e a outra 4,7. E tudo com uma cara normal, dizendo coisas como “vão cair 30 autores na prova, qual que é problema?”. Nesses momentos, me pergunto com grave dúvida o quê me segura de pegar a carteira na que estou sentado e arremessar com força no sorriso irônico do sujeito em questão. Tenho certeza de que não só seria aplaudido pelos meus colegas, senão imitado. E assim, juntos, demonstraríamos exatamente qual é o problema. Mas, que pena, meu futuro profissional estaria comprometido.

Os professores universitários, vivendo em um ambiente que os mima do mais do que a um filho único, chegaram a acreditar que o mundo gira ao redor de si. Sua opinião é um dogma incontestável, e sua vontade se sobrepõe às forças do tempo e do espaço. “Que insuportável!”, você deve estar pensando. É, mas não é só insuportável: É triste. Não posso deixar de pensar “se você é tão grande e poderoso assim, professor/a X, porque ninguém além de nós te conhece? Nunca ouviu falar que quem não faz, ensina? Você está ensinando”. E começo a olhá-los com certa pena. Até com compaixão: Que mal faz cumprir um ou dois caprichos do/a sujeito/a, se isso o/a fizer sentir melhor? O problema é que são tantos a ser agradados, que fica impossível.

Mas não tudo são espinhas. Existem algumas jóias raras. Os que se organizam. Os que estão genuinamente interessados em ensinar. Os que escutam. Os que perdoam. Os que se colocam no nosso lugar. Os que, enfim, fazem de sua aula um momento desejado. A eles, minha eterna gratidão.

Aonde quero chegar com isto, você se pergunta? A que percebi, recentemente, que não vai acabar tão cedo assim. Os professores dos que não gosto vão ser substituídos por chefes, governantes e autoridades de todo tipo. Aqueles que, independente de nossas qualidades ou méritos, sempre estarão acima de nós. Aqueles com os que não adianta discutir.

E o que vou fazer então? Se tem uma coisa que não gosto, é acatar ordens sem responder. Quando não respondo, algo dentro de mim queima, sinto que o mundo acaba, que nada vale a pena. Que nunca vou me livrar desse jugo. Mas eventualmente passa.

Sabe qual é o segredo? Não há segredo. Mas tenho algumas sugestões. Primeiro, tenha limites. Até um certo ponto, reconhecendo a necessidade, você vai. Após esse ponto, é território proibido. Eu tenho meus limites já bem definidos. O resto do tempo tenho que obedecer mesmo. Segundo, se adiantar (e não adianta), pense que você só está fazendo isso para chegar não ao mesmo lugar, mas encima do sujeito. E vai olhar com satisfação para trás e dar tchau para a cara de boba da pessoa (eu sei, é patético, mas tem umas horas que a gente têm que se justificar a si mesmo). A vontade daqueles que está por cima de você nem sempre é maligna. Ela pode ser benéfica. Mas quando não for, lembre: Ela é só um meio, não um fim. O fato de você cumpri-la é bom, porque proporciona novas oportunidades.

Enfim, é uma discussão muito séria para ser tirada de um simples final de semestre, não é? Não, não é. É, na verdade, uma explicação clara do que há exatamente de errado com o final de semestre. E de por que, se alguma vez estivermos no poder, iremos ser tão insuportáveis quanto aqueles de quem agora reclamamos. Sério. Ai de aqueles que estiverem sob meu comando.

2 comentários:

Michell Lott disse...

Depois de ler o seu texto e concordar com bastante dele, eu tenho um comentário unico a fazer:


que todos vão tomar no c************!
(dica: cada * corresponde a uma letra u)

(ódio no coração mode on)

mas em nome da boa convivencia e futuro, a gente engola mais um sapo e segue em frente com uma máscara de sorriso!

ass: (anônimo)

Michell Lott disse...

obs: o comentario acima foi feito no login de michell mas não foi ele quem escreveu