domingo, 2 de agosto de 2009

"Don't give up the fight"

De uns meses para cá, comecei a me preocupar com minha saúde. Com meu corpo, aliás. Senti que havia passado da hora de ganhar alguns músculos. Faz tempo que faço academia, mas nunca com o intuito de ganho de massa, senão para manter um condicionamento.

Fui na nutricionista, montei uma dieta, comecei a fazer exercícios direcionados ao ganho de músculo. Comprei shakes e barras de proteína, troquei pão de forma por integral e cereal matinal por granola. Revivi o liquidificador de casa, para preparar vitaminas. Enfim, mudei meus hábitos.

Com todas essas mudanças, veio uma inesperada: Parei de correr na esteira. Eu corria todos os dias, mas acabou que era contra producente, e tive que parar. Depois de alguns meses, no entanto, comecei a ficar preocupado. E se começasse a ganhar gordura? Ou perdesse meu condicionamento aeróbico? Achei uma solução: Correria aos fins de semana, quando não ia na academia. Perguntei à nutricionista, perguntei na academia. Todos concordaram: Não ia fazer mal.

Não queria correr na esteira. Por algum motivo, não me parecia bom. Então escolhi uma praça aqui perto de casa e comecei, todos os sábados e domingos. É uma experiência e tanto. Eu não escuto música, não meço meus batimentos cardíacos nem escuto as minhas músicas favoritas (isso eu faço quando eu malho, mas não quando corro. Acho que tenho medo de roubarem meu MP3 um dia). Eu vou, só eu e minha chave de casa. Pensar na vida. Rezar um terço, se for sábado (domingo eu rezo com minha família).

Não é o que dizem. Não é um afrodisíaco, uma experiência extracorpórea ou um momento de realização. Aliás, no meio da corrida, você quase não vai conseguir pensar. Tem horas que eu juro, aliás, que vou ter um ataque cardíaco e desmaiar. E no final, não sinto como se tivesse feito grande coisa. O peso do meu sucesso não cai sobre mim. O descanso não compensa tudo. Mas continuo voltando, fim de semana após fim de semana. Não gosto nem desgosto, faço porque preciso.

Se tem, de fato, uma coisa que correr me mostrou, é que a maior parte das vezes, só perdemos quando deixamos de lutar. Sinceramente, não há nada me puxando quando sinto que não consigo respirar, mas eu continuo correndo. Porque preciso. Porque eu sei que faz bem. E, de alguma maneira, consigo continuar. E voltar. E de novo.

Até agora, não fiquei muito musculoso. Talvez um pouco mais definido, maior nas costas, um tanquinho na barriga. Alguns já me disseram: “Não é seu biótipo. Não adianta. É genética”. Ora bolas, se fosse por isso nem tinha começado. Com certeza meu metabolismo é acelerado, eu tenho problemas para ganhar peso. Mas justamente por isso eu tenho que tentar com força, com vontade. E com paciência. Só assim um dia vou poder colher os frutos.

Então, se tivesse que escolher uma razão para recomendar a alguém que pegue um par de tênis e o que mais achar que precisa e sair por aí para correr, seria esta: Correr ensina um pouco sobre a vida. Na vida, assim como na corrida, às vezes não há mais esperança e tudo parece perdido. Nem lembramos da razão pela qual lutamos (ou corremos). E, nesses momentos, só nossa força de vontade pode nos levar para a frente, até o lugar onde tudo ficará claro novamente e ficaremos felizes de não ter desistido.

E, se nunca ficar musculoso, pelo menos vou ser muito saudável.

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